A nova gestão de pessoas exprime a necessidade de toda organização se auto intitular como gestora e assim diminuir a distância para alcance a missão organizacional. Ou seja, a gestão será baseada no pressuposto da atividade organizacional, em que se esta for pré-determinada ao fator crescimento, serão adotadas medidas de expansão conjuntas a recrutamento dos mais qualificados para desempenhar as devidas funções. Já no caso das organizações de ordem lucrativa o desenho organizacional transcorre sob a ótica da eficiência, visando o capital. Esta convergência da gestão de pessoas, desenho organizacional e ambiente externo gera uma complexa dicotomia de concepções e induz a reflexões sobre o contexto brasileiro atual.
Infelizmente a inovação e mudança surgem a partir de cenários caóticos e desmoralizados. A ideia de remediar como algo melhor que evitar parece ser a mais concreta em toda cultura brasileira e não deixa de ser. Talvez soe como arbitrário, mas os conceitos de planejamento e o habitual “apagador de incêndios” (termo usual para o gestor público) se interligam satisfatoriamente e demonstram que a coisa pública, como qualquer outra, lida com os mais diversos imprevistos e cabe ao gestor quantificar o grau de ocorrência destes e dizer qual o melhor momento de mudar.
Tanto no contexto de Brasil quanto resto do mundo é pertinente dizer que os cenários de crise são verdadeiras alavancas que tendem ao sucesso, afinal de contas onde encontrar mais inovação do que sob as dificuldades financeiras? No entanto, é frequente o ideal de lucratividade ultrapassar a valorização do ser humano dentro a organização e consequentemente causar uma percepção negativa dos dirigentes sobre a capacidade de seus funcionários.
A dificuldade do homem em lidar com mudanças é enorme e se multiplica quando o assunto é dinheiro. Segundo Calixto e Barbosa (2006) as organizações carregam consigo a cultura de seu ambiente externo uma vez que interagem com ele por intermédio das pessoas que realizam esse intercâmbio. Para tanto, a complexidade em lidar com pessoas pode ser vista em ambientes organizacionais que estejam engajados em corte de gastos e consequentemente a corte de pessoal. Ao mesmo tempo que tais cortes podem se mostrar como desmotivadores, serão também vistos como grandes ferramentas de inovação, uma vez que poderão instigar a uma competição nas organizações e incitar a necessidade de mudança.
Em síntese, deseja-se mostrar que o ideal de inovação parte do ser humano, no entanto este poderá sofrer influências tanto do ambiente organizacional quando do meio externo. A correlação a cenários de crise se faz pertinente uma vez que resulta em reflexões acerca do quão longe pode chegar o homem acerca de suas dificuldades? E ainda nos cenários de deficit financeiro, a gestão de pessoas estará tratando o homem como parte indispensável à organização ou mero recurso? O desenho não se dá apenas por uma boa estruturação de cargos mas sim com uma perfeita harmonia entre eles, onde todos sejam vistos com valores e com voz ativa ao meio organizacional.
Texto escrito pela aluna de Administração Pública da Universidade Federal de Lavras, Luciane Resende.