domingo, 7 de janeiro de 2018

Meritocracia vista através da burocracia

    


    A tentativa de transição de um Estado patrimonialista para burocrático na era Vargas, se deu como um marco histórico e de grande importância para a sociedade dado que, tal política tinha como determinado fim libertar o estado brasileiro de um sistema excluído de organização e com vistas ao interesse privado. Nesse mesmo contexto histórico é que a burocracia surgiu como meio de se estabelecer uma reforma no aparato administrativo da época instalando assim um modelo carregado de formalismo, hierarquia e controle dos processos, procurando transmitir impessoalidade e eficácia administrativa. Tal modelo empregado no Estado Novo, porém, encontrou dificuldades quanto a barreira cultural estabelecida pela não distinção entre o público e o privado, fazendo com que ainda em tempos atuais a burocracia se estenda a fins políticos e não necessariamente em benefício das necessidades da coletividade.
  A burocracia em si representa ou deveria representar um meio pelo qual o aparato administrativo retornasse de forma eficaz a população todos os processos que exigissem especialização, porém mesmo com todas as características positivas que configuram a burocracia como sendo essencial para se alcançar a máxima eficiência dentro das organizações algumas de suas falhas se sobrepõem diante da sociedade em geral. Já é comum que os cidadãos reclamem quanto ao sistema burocrático brasileiro, tanto pela morosidade dos processos quanto pelo rumo pelo qual o país se encaminha, levando a culpa muita das vezes pelo que não é responsável. Visto isso, é importante ressaltar que o governo é o ápice dentro dos níveis burocráticos e então, encarregado de decidir os rumos da nação.
   O modelo burocrático contextualizado dentro na política brasileira traz consigo uma ideia de privilegio das classes dominantes. Essa concepção se dá de forma concreta dentro de um governo que, se utiliza do poder para benefício próprio e faz com que a força das leis e regulamentos que evitam maior interseção entre a burocracia e a política se percam nesse meio. É a partir disso que o sistema tratado se põe em questionamento quanto sua atuação em diferentes classes sociais, visto que as influências dentro de setores hierarquicamente burocráticos auxiliam muitas das pessoas que julgam individualmente seus processos de maior urgência que os demais. O método de “passar na frente” em tramites administrativos pode caracterizar a burocracia dentro de um jogo de vantagens nas quais se beneficia quem possui determinada importância no meio público. 
   A política também é posta em evidência quanto ao que se refere ao processo burocrático pela nomeação e indicação de cargos dentro do aparato político brasileiro. A ascensão de carreira dentro do serviço público se dá até certo ponto através da meritocracia, a partir daí quem detém todo o poder de escolha para ocupação de cargos de alto escalão são os que já alcançaram seu topo. O papel da nomeação e indicação de cargos contradiz o que diz respeito a impessoalidade dentro da burocracia, acaba por desconsiderar o indivíduo que se esforça arduamente para conseguir seu espaço e obter reconhecimento e também muitas das vezes acarretam uma ineficiência em diversos setores pela falta de capacitação profissional. Apesar de não serem práticas ilegais no âmbito político, a nomeação e indicação de cargos são comumente utilizadas com o intuito de obter benefícios e ainda como meio de troca de favores, como por exemplo cargos no Ministério Público. 

Texto escrito pelas alunas de Administração Pública da Universidade Federal de Lavras, Ana Luiza Alves e Luciane Resende.

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